Foto: Rodrigo Coca/Corinthians
No futebol brasileiro quando qualquer clube não está numa sequência boa de resultados o principal alvo da torcida normalmente é o técnico. Além disso, quem está na beira do gramado é presa fácil para a diretoria, afinal, é mais fácil demitir o técnico do que se desfazer de mais de um jogador…
O curioso é que em muitos casos, o diretor executivo ou presidente vem a público afirmar que o treinador tem a confiança do clube, que acredita no trabalho em andamento e na semana seguinte, após uma derrota simples, o que acontece? O técnico é demitido. Foi assim com Jair Ventura, na última semana, pelo Juventude.
Mas há um detalhe interessante de se observar. Quando o técnico é demitido, no jogo seguinte o resultado, na maioria das vezes, é positivo, com uma vitória como resposta para a diretoria. Seria apenas coincidência?
Por exemplo, na atual temporada, entre clubes da Série A, seis técnicos já foram demitidos ou abriram mão do cargo, como foi o caso de Marcelo Cabo, no Atlético Goianiense. Corinthians, Athletico Paranaense, Avaí, Juventude e Botafogo também já trocaram de técnico até aqui.
Desses seis clubes, apenas dois não conseguiram vencer no jogo seguinte: Avaí e Juventude. Não à toa, são dois dos times com o pior início, entre os 20 da Série A. O clube catarinense já o time que mais sofreu derrotas, são quatro no total, mas também é o time que mais vezes entrou em campo (oito), tendo apenas uma vitória. O Juventude, por outro lado, é o único que simplesmente ainda não venceu em 2022.
Além disso, após a demissão de Jair Ventura na última sexta-feira, o Ju teve um “clássico gaúcho” diante do Grêmio nesse último domingo. A equipe chegou a sair na frente do placar, com gol de Capixaba, mas cedeu o empate já nos acréscimos do segundo tempo.
Em contrapartida, os demais clubes que demitiram seus respectivos técnicos venceram o jogo seguinte ou até os jogos em sequência, como os casos de Corinthians, Atlético Goianiense e Athletico Paranaense.
Por exemplo, após a derrota para o Santos, Sylvinho foi demitido no Corinthians e desde o Timão venceu as duas partidas já disputadas, 3 a 2 no Ituano e 2 a 1 diante do Mirassol. Após a saída de Marcelo Cabo, o Atlético Goianiense ganhou duas vezes do Aparecidense no Campeonato Goiano, por 2 a 0 e 2 a 1, respectivamente.
O Athletico Paranaense, em contrapartida, após início ruim no estadual, teve de inscrever 12 jogadores da equipe principal para voltar a vencer. E, com Alberto Valentim na beira do gramado, foi assim que ganhou do Rio Branco, por 2 a 0, após a demissão do técnico James Freitas, do time de Aspirantes. Em seguida, o Furacão bateu o Azuriz, por 2 a 0, com time alternativo, já sob o comando do novo treinador Wesley Carvalho – o clube determinou que fará os jogos em casa com os titulares do time principal e como visitante vai jogar com os Aspirantes.
Por fim, o Botafogo demitiu o técnico Enderson Moreira após derrota no clássico contra o Fluminense, por 2 a 1 de virada. E neste último domingo, em novo clássico, adivinha? O Glorioso bateu o Vasco, por 1 a 0.
Essa resposta “imediata” tem sido comum nos últimos anos, principalmente durante o Campeonato Brasileiro. Na última temporada não aconteceu com frequência por conta da limitação de demissão dos técnicos. Entretanto, a regra já foi derrubada pelos clubes para 2022, então novas demissões devem acontecer e com frequência ao longo do ano, tudo por essa resposta “imediata” nos jogos seguintes, onde o técnico é a presa fácil para a diretoria.
No intervalo de nove dias, seis técnicos foram demitidos, isso em fevereiro, mês que praticamente começa a temporada para os clubes da Série A. Não é novidade para a realidade do futebol brasileiro.
A questão que fica no ar sempre é: quem será o próximo técnico a ser demitido? (…)